Eleita a nova Comissão Diocesana dos Diáconos Permanentes
Foto: Oficina de información del Opus Dei
São Josemaria foi muito claro ao escrever: “‘Sê intransigente na doutrina e na conduta. – Mas suave na forma”
Este é o título do livro recém-publicado pelo Padre Fábio Henrique Carvalheiro, vigário regional da Prelazia do Opus Dei no Brasil. Traz por subtítulo “O apostolado cristão para quem vive no meio do mundo” (São Paulo: Quadrante, 2020, 320 p.). À referida obra dedicamos este artigo.
Logo de início, o autor expõe a metodologia ou a delimitação do seu trabalho: “Queremos aqui transmitir uma mensagem de apostolado no meio do mundo que é fruto do carisma recebido pelo fundador do Opus Dei para a sua missão dentro da Igreja” (p. 16). Afinal, “São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, pregou incansavelmente a chamada de todo batizado a ser santo e a fazer um intenso apostolado no seu ambiente” (p. 12), antevendo, portanto, em 1928, os ensinamentos do Concílio Vaticano (1962-1965) sobre o chamado universal à santidade em qualquer estado de vida (cf. Lumen gentium, 40; cf. 39 e 41; Gaudium et spes, 35, 38, 48, por exemplo). Para fundamentar sua obra, Pe. Fábio se vale – de modo exaustivo – de belos textos de São Josemaria sobre o apostolado. Demonstra, com isso, ter se dedicado a ampla pesquisa e intensa oração.
Dentre os ricos capítulos do livro, há um que nos parece esclarecedor no que diz respeito ao modo como os membros da Obra realizam, de forma muito espontânea e fraternal, seus apostolados. Sim, pois há quem diga – de fora – que parece faltar aos (às) filhos(as) espirituais de São Josemaria um maior empenho combativo ante os adversários da Igreja ou da religião em geral. Ora, isso é falso.
Sim, faz-se importante distinguir, com a mãe Igreja, a lei, a ser defendida, e o legalismo a ser repelido; o pecador, a ser amado, e o pecado a ser rejeitado. Partindo de João 8,1-11, Padre. Fábio nos ajuda a relembrar que “Jesus não se prende a legalismos. Enxerga a mulher através das lentes do seu próprio coração misericordioso. Condena o pecado e perdoa o pecador. Olha para a pessoa que tem diante de si, procurando o seu bem, a sua conversão” (p. 119). E continua: “Não podemos dizer que o pecado não é pecado. Ao mesmo tempo, devemos perdoar tudo a todos, conscientes do quanto Deus nos perdoa a cada um de nós: ‘Não te esqueças de que, para dizer a verdade, não é preciso maltratar a ninguém’ (Forja, n. 954)” (p. 119). Afinal, “a verdade impõe-se por si própria” (p. 120), e “a agressividade na discussão sempre é sinal de insegurança” (p. 121). Diz-se popularmente, e com razão, que só “quem não tem argumentos parte para ofensas”.
Sem dúvida, São Josemaria foi muito claro ao escrever: “‘Sê intransigente na doutrina e na conduta. – Mas suave na forma –. Maça poderosa de aço, almofadada’ (Caminho, n. 397), para não ferir” (p. 119). Disso se segue, como escreve Padre Fábio, que “não fazemos apostolado para ‘vencer’, mas para ajudar as pessoas a mudarem para melhor” (p. 122). Neste santo empenho, “usando de todas as cautelas não devemos rejeitar a ninguém” (p. 123). É preciso – com afabilidade no trato, alegria contagiante e bom humor, frutos da paz interior a proporcionarem a graça de Deus e a consciência da nossa filiação divina –, difundir o Evangelho a todos (cf. p. 115). Desse modo, é que o verdadeiro católico atrai os demais à fé (cf. Cl 4,5-6). Do mesmo modo, ainda que o nosso comportamento se choque com o ambiente no qual vive nosso interlocutor, precisamos – com muita paciência – fazer com que essa pessoa não se afaste de nós; mantendo-a perto, pouco a pouco, a ajudaremos a sair do erro, a curar-se da cegueira espiritual e a salvar-se (cf. p. 115).
Em suma, ser “pescadores de homens” (Mt 4,19) é um convite correspondente a todos nós. Afinal, “se procuramos difundir entre nossos conhecidos o gosto por aquilo que consideramos bom (um filme, um livro, um lugar…), quanto mais não vamos querer que também eles se aproximem de Deus, que é o único bom (Mt 19,17)? Assim, é natural que uma pessoa de bom coração deseje compartilhar a sua fé com algumas pessoas mais íntimas” (p. 11-12).
Eis o que, de momento, poderíamos dizer – ainda que muito singelamente – sobre o livro do Pe. Fábio Carvalheiro, amigo de longa data, que vem melhor apresentado na primeira aba dessa sua oportuna obra. Traz farto material apto a auxiliar clérigos, religiosos e leigos em seu apostolado diário. Parabéns ao autor!
https://www.quadrante.com.br/pescadores-de-homens
Vanderlei de Lima
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